quarta-feira, março 29, 2006

Segundo a Folha, o diretor do festival É Tudo Verdade, Amir Labaki, foi o primeiro e, até agora, o único a criticar publicamente o documentário Falcão - Meninos do Tráfico, de Celso Athayde e MV Bill...
Ele classificou o vídeo exibido no Fantástico de "sensacionalista" e disse que faltou "ética para com os entrevistados e para com o espectador"...
"Os primeiros são despersonalizados por tarjas nos olhos ou esfumaçamentos no rosto, sem identidade exceto a associação com o crime e a violência. O espectador, por sua vez, assistiu a uma esticada reportagem sensacionalista, sem nenhuma novidade factual"...

Que o uso de crianças e adolescentes no tráfico não é novidade, todo mundo sabe...
O problema é que, além de matérias enxutas e de alguns relatos bibliográficos, ninguém havia realizado trabalho tão longo retratando a vida nos morros com autorização e participação ativa dos envolvidos...
E na minha opinião, ai está o grande mérito do filme...
Além disso, o viés sensacionalista não foi impingido pelos produtores, mas pela Globo, que alardeou e buzinou sem parar a veiculação exclusiva do vídeo...
Mais: as tarjas nos olhos ou esfumaçamentos no rosto são obrigações previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente...
É óbvio que, passadas duas semanas da exibição nacional, poucos ainda se lembram ou comentam estarrecidos o fato de crianças brincarem de bang-bang com armas reais e morrerem aos borbotões antes de completarem 18 anos...
É óbvio também que, além do choque popular e da repercussão entre os formadores de opinião, nada foi feito para mudar esta realidade...
Continuo com a opinião de que as coisas mudariam, caso o consumo de drogas fosse descriminalizado e o governo passasse a cobrar impostos sobre a venda...
Além de aumentar a arrecadação e de formalizar a profissão de avião, falcão e do periquito que for, as crianças teriam dificuldade para arranjar trabalho na área, a rivalidade entre as facções diminuiria e os consumidores poderiam reclamar no Procon se o produto viesse batizado...
Meu número é xxyxx...
O nome vocês já sabem...

2 Comments:

At quinta mar. 30, 06:30:00 da manhã, Blogger Pree said...

Querida Cibele,

Que o documentário retratou muitas coisas eu concordo e que a Globo fez sensacionalismo, também.
Só que tem o seguinte, o(agora conhecido pelo grande público) rapper MV Bill, acabou de fechar contrato com a Globo(assim como fez Marcelo D2 há 1 ano e pouco) e já está com hits na Atlântida, artigo na ZH, etc, etc, etc...O documentário não passa de auto promoção pro Bill, para pré-vender mais livros e cds e é claro divulgar seu nome como o Mensageiro da Verdade (e o do Celso Athayde tb).
Mss é como dizem muitos dentro do rap nacional, MV Bill quer se promover, para quem sabe daqui há 4 anos uma candidatura política.

Ci, esse não é o primeiro nem o último documentário sobre a vida nos morros, sobre tráfico e a falta de direitos humanos. Achei uma grande jogada de mestre, que soube enganar direitinho a alienada população "televisiva" e "Globo viciada" brasileira!

Beijoca

(percebe-se que hoje estou sem o poder da síntese!)

 
At quinta mar. 30, 12:46:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

pree, amada...
não discordo de vc... até pq o fato do cara ter se corrompido não é o ponto do meu discurso e, sim, o conteúdo do documentário... acho que tem seu valor, por mais que o mané tenha se vendido... já que além do caco barcelos, que escreveu abusado, não consigo lembrar de ninguém que tenha conseguido acesso consentido a tanto material... o tim lopes?? tem seu mérito, é claro, mas fazia tudo na camufla e por isso acabou como acabou... cidade de deus??? mistura realidade e ficção... que mais??? carandiru, do doctor varela, é um relatório de seus atendimentos... hummm... não lembro de mais nenhuma produção que caminhe nesta linha... e, talvez, por falta de conhecimento pense que o material é bom

bom... como vc pode ver, também não estou com poder de síntese hoje... beijo, linda.. ceva ceva ceva pra nóis

 

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