segunda-feira, agosto 28, 2006

achei que não era justo rir sozinha da matéria mais engraçada que li nos últimos tempos...
publicada na revista época desta semana, segue na íntegra o texto de nelito fernandes...
compartilhando da mesma idéia, dizia há anos que propaganda eleitoral é o melhor programa de humor do país...


Hilário eleitoral gratuito
Como guia para o eleitor, a propaganda política é um fiasco. Como programa humorístico, tem lá seu valor. Melhor que votar neles é rir deles

Ei, ei, Eymael, você achava que a figura mais engraçada desse horário eleitoral gratuito seria o Enéas sem barba? Como diria o candidato mato-grossense a deputado estadual Tenente Lara, no hilário eleitoral a onça bebe água, o couro come e a coruja canta. O Casseta & Planeta que se cuide, porque o programa político está de matar de rir. Matar em sentido figurado, claro. Mas, se o eleitor tiver realmente um infarto, pode contar com o velório a R$ 1, proposta de Diano, candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro pelo Partido dos Aposentados da Nação. O velório é a esperança de quem passou mal porque comeu no restaurante de R$ 1 e comprou na farmácia de R$ 1 um remédio que não funcionou. Depois de ver programas como esse, o eleitor vai se perguntar, usando o slogan do candidato a senador pelo obscuro Partido Humanista da Solidariedade (PHS) em São Paulo: "Doutor Cury, o Brasil tem Cura?".

Que miasma pútrido, hein?, diria Enéas, do Movimento dos Sem Barba, para em seguida completar que "o meu nome não exala odor mefítico, porque não chafurda no pântano da ignomínia!". Enéas, desculpe a intromissão e perdoe a nossa ignomínia por ter de consultar o Aurélio para saber o que é miasma, mas aí vai um toque: ignomínia tem acento. Na legenda que acompanha seus pronunciamentos, a palavra está grafada erradamente. Deu zebra, não é deputado? Zebra? O digníssimo eleitor se cansou de votar em candidato que parecia preparado, mas depois de eleito se mostrou uma verdadeira zebra? Então vote no Zebra de uma vez! Zebra é o nome do candidato ao Senado pelo Partido Social Cristão em Mato Grosso, que aparece numa vendinha mexendo num saco de farinha e avisando: "Todos são farinha do mesmo saco. A turma do Ali Babá estão (sic) unidos!".

Para não derrapar no português, o Zebra e o Enéas deveriam seguir o conselho de Walter Regenor, candidato a deputado estadual pelo mesmo PSC em Mato Grosso: "Leitura é luz", diz. Ele aparece segurando um livro na mão. Depois, diz que, com o livro, ensinou o eleitor a gostar de poesia; e, com o voto do telespectador, vai ensiná-lo a valorizar o Brasil.

Renovar é a palavra de ordem nas campanhas. Políticos estreantes exaltam a própria virgindade eleitoral. No Rio de Janeiro, a petista Fátima Guedes, homônima da cantora e letrista, caprichou na rima: "treze seiscentos e seis pela primeira vez". Urgh! Uns começam agora, outros não desistem. Em Alagoas, Zé Muniz, candidato a deputado federal pelo PMDB, lembra que está disputando pela 11a vez e que nunca foi eleito. Para sensibilizar a audiência, ele aparece vestido de Bin Laden. Zé justifica a indumentária: "Vocês mereciam que o Bin Laden explodisse uma bomba e acabasse com os políticos. Mas ele ia precisar de muita bomba". Bomba mesmo é o vídeo de Cururu, candidato a deputado federal em Pelotas, no Rio Grande do Sul. A peça, um hit na internet, mostra o candidato carregando uma bolsa cheia de dinheiro onde se lê "mensalão", enquanto conversa com a mulher, desdentada.

O eleitor que acha que político é tudo farinha do mesmo saco tem a chance de votar em um deputado antes que ele vire farinha. Lúcio Mandioca, candidato em Mato Grosso do Sul, mostra um mandiocão em pleno horário eleitoral, para depois bradar seu slogan: "Mandioca neles!". Pelas barbas do profeta! E não falta nem mesmo ele. Natanael, o profeta, de barba branca e com jeitão de Nostradamus, pede voto pelo PT no Rio de Janeiro. O fim está próximo.

E, se na política tudo tem acabado em pizza, é melhor pedir uma saladinha de frutas, que cai mais leve. A opção nesse caso é o Gordo Salada. Vendedor de iguaria na Praia de Boa Viagem, no Recife, Manuel de Almeida Filho pede votos vestindo o sombreiro coberto de frutas de plástico com que circula s pelas areias. O figurino já lhe rendeu comparações com a cantora Carmen Miranda. "Se eu aparecer de terno, ninguém vai me reconhecer", diz.

Xeque Humberto, candidato a governador do Rio Grande do Norte, promete leite encanado. Isso mesmo: o cidadão abre a torneira e sai leite. Sargento do Exército, Humberto Maurício da Silva quer tirar o ganha-pão da vaca com esse inacreditável avanço nos programas assistencialistas de distribuição de comida. Xeque é mesmo um sujeito para lá de Bagdá. Ele anda sempre com uma roupa de árabe, acompanhado por outro candidato que já deu o que falar: Miguel Mossoró, que prometia construir uma ponte sobre o Oceano Atlântico, ligando a capital potiguar à ilha de Fernando de Noronha, quando tentou ser prefeito. Mossoró está de volta ao rádio e à TV, desta vez como candidato a deputado estadual. Mas já não repete a promessa.

O eleitor não é avestruz e não engole qualquer coisa, mas é obrigado a engolir a figura bizarra de Maurício Carlos Lupifieri montado na ave. O candidato a deputado federal por São Paulo é um dos principais criadores de avestruz do país, e se diz um pioneiro na introdução do simpático bicho no mundo do showbiz. "Eu inventei a corrida de avestruz. Já apareci no Programa do Gugu, no Superpop, no Pânico e em praticamente todos os jornais", afirma orgulhoso. Maurício Avestruz, como é conhecido, diz que queria mesmo correr com seu avestruz em cena - mas, como o tempo é curto, não consegue.

É de deixar o cabelo em pé, mas em matéria de cabelo ninguém vence Zói Bad Boy, candidato a deputado federal por Minas Gerais. Ele aparece de costas, com o apelido Zói Bad Boy e o número 4006 na cabeça raspada. "Abre os zói, BH e Minas", diz. E, por falar em "zói", Paulinho Vesgo, homossexual assumido, tem um olho no voto dos gays e outro no trocadilho. Ele faz graça com seu slogan: "Deu e dará muito pelo Brasil". Quem também está atrás do voto gay é a transformista paraibana Salete Campari, que tenta uma vaga pelo PDT na Assembléia Legislativa paulista. Seu bordão é "Faça diferente sem preconceito". O nome de batismo é Francisco Sales Rodrigues. "Salete é porque fiz uma brincadeira com meu sobrenome, Sales, e o Campari é em homenagem a minha cunhada, que adorava a bebida", diz.

Quem teve seus 15 minutos de fama também tenta uma vaguinha. A pernambucana Ruth Lemos ficou famosa na internet com um vídeo onde propagava o bordão "Sanduíche-íche-íche". Agora, ela quer descolar uma boquinha com o mote da alimentação. A figura do empresário Sebastião Buani não é em si engraçada. Num horário eleitoral tão cheio de figurinos, digamos, criativos, ele aparece envergando roupas tradicionais. É inevitável rir, no entanto, quando ele fala de sua promessa de campanha. Candidato a deputado federal pelo Distrito Federal, Buani, que confessou ter pago propinas ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, promete combater a corrupção.

Na categoria dos realmente (!) famosos, os destaques são o cantor Frank Aguiar, o autodenominado cãozinho dos teclados, e Clodovil. O ex-estilista comemorou no horário eleitoral o fato de estar de volta à TV (ele está sem programa). Clodovil diz que sua candidatura nasceu depois de um pesadelo. No sonho ele corria sobre escombros de uma cidade com uma coisa em cada mão ("não vou falar o quê"), encontrava pessoas que já morreram e, no final, era convidado por um prefeito a ser deputado federal. Frank, com 5 milhões de discos vendidos, agora tenta ser eleito deputado federal por São Paulo. O intérprete da sideral "Moranguinho do Nordeste", que narrava a saga de um óvni, aparece latindo no programa e reclama que não pode cantar na TV. "A lei eleitoral não deixa." Ainda bem.

1 Comments:

At quarta set. 13, 09:52:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Prezados Amigos,


Discordo da sua opinião, porque antes de falarmos de alguém que não conhecemos, deveríamos nos informar a respeito do assunto.
Frank Aguiar, não é “somente” um cantor de forró, o que já é motivo de orgulho pra nossa nação, uma vez que trata-se de um estilo musical da nossa terra. Frank Aguiar, é um cidadão, como eu e você, que também está descontente com a situação política atual e está fazendo a sua parte para tentar mudar este cenário ridículo com o qual nos deparamos todos os dias.
Frank Aguiar, é um artista que batalhou e venceu . Hoje tem notoriedade internacional, independência financeira e conhecimento para abraçar a causa a que se destina.
Não está entrando na política pra ficar famoso ou endinheirado, porque ele já possui tudo isso.
Com ideologia política, veio de uma família de políticos no Piauí, onde com 17 anos, fundou um partido e não pode se candidatar, porque era menor de idade.
Veio para São Paulo, venceu todos os obstáculos, estudou Direito, se preparou e agora quer fazer a sua parte. Ao invés de ficar reclamando por aí, ele ao contrário de muitos, resolveu agir e dar o primeiro passo ao encontro do que acredita.

 

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